A cultura medicalizante e os processos transgeracionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21615/cesp.12.2.10

Palavras-chave:

Transmissão Psíquica, Sintoma Infantil, Psicanálise, Crianças, Medicalização

Resumo

O presente trabalho tem o intuito de reflexão a relação entre a cultura medicalizante e os processos transgeracionais. No cenário contemporâneo, observamos a crescente codificação dos sofrimentos psíquicos em termos de uma nomeação própria do discurso médico, mais precisamente psiquiátrico, que são amplamente socializados através da mídia e da escola. Nesse sentido, cabe pensar que os procedimentos de medicalização, surgidos nos cuidados com a população adulta, foram estendidos também às crianças. Partindo de observações clínicas, nos deparamos com um número cada vez maior de crianças desatentas ou inquietas, que demandariam um cuidado especial de seus professores e familiares, que passaram a ser diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDA/H). Contudo, a prática psicanalítica com crianças se destaca por ser uma área do conhecimento que apresenta significativas especificidades, incluindo a imprescindível abertura de espaço para a escuta dos pais nas entrevistas preliminares e o trabalho com eles, quando necessário. Assim, por estar incluído o trabalho com os pais e por parecer uma alternativa diante da medicalização desenfreada, se faz necessário um constante aprofundamento teórico das peculiaridades da clínica infantil articulada às relações familiares, por possuírem caráter estruturante na constituição do sujeito criança.

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Publicado

2018-12-20

Como Citar

Azevedo, L. J. C., & Carneiro, T. F. (2018). A cultura medicalizante e os processos transgeracionais. CES Psicología, 12(2), 141–150. https://doi.org/10.21615/cesp.12.2.10

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